sábado, 17 de maio de 2008

Meu amor:

Esse foi o nosso derradeiro encontro e isso será bom, assim o sabemos. Libemos nossa paixão com o sangue rubro da videira vilipendiada pelo amor ao próximo e pela carne do Salvador de escravos. Cuspamos nos sonhos róseos: nosso relacionamento alcançou uma intensidade que não admite menos que o seu final; e que ele seja tão glorioso quanto o foi nossa história quase chega a ser nosso dever (como se a nós se aplicasse tal conceito!). Eu te tirei tudo que me foi concebível arrancar; tu me deste o que era improvável conceder. Nós não esgotamos as possibilidades humanas, é certo; mas, com Satanás por testemunha, chegamos ao limite que o amor pode chegar. E isso foi bom.

Agora chegou a hora de retribuir ao mundo tudo o que ele não nos deu: rancor, a carne branca e uma faca.

Como a leoa, que lambe amorosamente seus filhotes com a mesma boca que assassinou as crias de sua rival, lambo o fígado recém extraído de teu amorável corpo, delícia inefável!

A partir de hoje és deusa e cloaca de deuses; teu sangue será o sacramento que buscarei até que o Verme Devorador cobre meu tempo neste chão sujo.

E isso é bom...

3 comentários:

ex-amnésico disse...

Madness!? This is Sparta!!!!

Mais! Manda mais!

Bárbara Lemos disse...

Visceral demais.

ex-amnésico disse...

Um 'gigante das letras' é, via de regra, um verme da vida cotidiana, algo como o terror noturno das crianças: deixa de assustar quando se acende a luz...