quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Com Batom Vermelho-Sangue

Minha poesia é pura,

Nítida e previsível

Comedida e educada

Mas só até o primeiro verso



Depois cresce, ganha corpo

Sai pra vida e perde o cabaço

Leva porrada do mundo

E aprende como funciona



Vira poesia de rua,

Poesia marginal

De bêbado, drogado e puto



Poesia escrita no asfalto

Com óleo de motor

Escrita no espelho

Com batom vermelho-sangue



Passa a ser poesia descontrolada

De todos e de ninguém

Abandonada num guardanapo

Debaixo do copo de gim



Poesia entalhada à navalha

Na mesa no fundo do bar



Cercada de velhos nazistas

De colisões e fumaça

Porres de pinga e carros em chamas



Poesia de estuprador arrependido

De bailarina aleijada

Poesia em fim de carreira

Já meio arregaçada



Poesia prostituída

Filha dos esgotos de Curitiba

Iluminada pelos semáforos

E postes com furo de bala



Poesia minha é farpada

Feita pra ler e jogar fora

Poesia das três da manhã

Pra queimar quando amanhecer

3 comentários:

Welker disse...

Nem toda poesia não-rimada é boa, mas você foge à regra, meu caro.

Desde já, imponho um desafio a mim mesmo. Não seria justo você me entreter apenas, então, meu auto-desafio é escrever algo que faça você rir. Talvez seja uma tarefa dificil, ou talvez eu até já tenha conseguido, mas sou audacioso (e atrevido) e quero uma risada verbalizada em "hahahaha'a" ou "rsrsrsrs" ou até mesmo em um singelo "eu ri".

As cartas estão na mesa... só preciso descobrir quanto vale o ás.

ex-amnésico disse...

Poesia suja, realidade limpa, cacos de vidros no cérebro...

Ridículo, não?

Maria Mensch disse...

Urbaníssimo vc Sr. Y, gostei