Minha poesia é pura,
Nítida e previsível
Comedida e educada
Mas só até o primeiro verso
Depois cresce, ganha corpo
Sai pra vida e perde o cabaço
Leva porrada do mundo
E aprende como funciona
Vira poesia de rua,
Poesia marginal
De bêbado, drogado e puto
Poesia escrita no asfalto
Com óleo de motor
Escrita no espelho
Com batom vermelho-sangue
Passa a ser poesia descontrolada
De todos e de ninguém
Abandonada num guardanapo
Debaixo do copo de gim
Poesia entalhada à navalha
Na mesa no fundo do bar
Cercada de velhos nazistas
De colisões e fumaça
Porres de pinga e carros em chamas
Poesia de estuprador arrependido
De bailarina aleijada
Poesia em fim de carreira
Já meio arregaçada
Poesia prostituída
Filha dos esgotos de Curitiba
Iluminada pelos semáforos
E postes com furo de bala
Poesia minha é farpada
Feita pra ler e jogar fora
Poesia das três da manhã
Pra queimar quando amanhecer
3 comentários:
Nem toda poesia não-rimada é boa, mas você foge à regra, meu caro.
Desde já, imponho um desafio a mim mesmo. Não seria justo você me entreter apenas, então, meu auto-desafio é escrever algo que faça você rir. Talvez seja uma tarefa dificil, ou talvez eu até já tenha conseguido, mas sou audacioso (e atrevido) e quero uma risada verbalizada em "hahahaha'a" ou "rsrsrsrs" ou até mesmo em um singelo "eu ri".
As cartas estão na mesa... só preciso descobrir quanto vale o ás.
Poesia suja, realidade limpa, cacos de vidros no cérebro...
Ridículo, não?
Urbaníssimo vc Sr. Y, gostei
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