sexta-feira, 21 de março de 2008

O Evangelho Segundo Y

Ergueu o primeiro prego um pouco acima do pulso esquerdo, elevou o martelo e desceu-o sobre a carne macia.

Perfuração.

Tirou do cinto o segundo longo prego forjado divinamente, pousou-o no pulso direito e bateu, pregando o braço à madeira.

Sacrifício.

O homem deitado se debateu como um porco enquanto ele pregava o terceiro prego nos pés, cruzando-os um sobre o outro e atravessando os músculos com o glorioso pedaço de ferro.

Ilusão.

Cinco soldados elevaram a colossal cruz até que todos pudessem ver o homem nu crucificado que se debatia e praguejava contra seu deus.

Foda-se, ele disse. Foi o que ele disse. Foda-se o Pai, foda-se a salvação, foda-se o mundo e toda a maldita humanidade. deus é um veado, ele disse. Um filho da puta. Ele cuspiu sangue no ar e quando sorriu as frestas entre seus dentes estavam vermelhas.

Subiu a ponta da lança e atravessou no abdômen de Cristo, para que ele calasse sua maldita boca. O homem sacrificado gorgolejou e se afogou com o próprio sangue, e riu com orgulho do seu feito. Estava tudo perfeitamente bem agora. Havia conquistado seu lugar na história.

Nos encontraremos no inferno, ele disse. Foi o que ele disse, enquanto fios escarlates gotejavam de seu queixo e um pouco de sêmen espirrava no solo abaixo.







Amém.

Um comentário:

Welker disse...

Gosto do jeito "gore" que você usa para escrever.