segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ponta Maldita


Vagos passos velados

Rumo às trevas vagando

Passos sóbrios, pesados

Pés fincados na calçada

Baleados pela razão

De quando em quando um olhar

Sobre os ombros recolhidos

O vento frígido a galopar

Um pensamento viciado

De náufrago social

Vício-ímpeto, vício-belo

Cobiça pura de marginal



Entregue à boca do precipício

Das drogas letais, dos Perdidos

Nos desperdícios causais

Dançando à deriva no mar da rotina

Lânguida língua estendida

Contra as ondas salinas

De lágrimas suarentas e piche

Abraçado às tábuas remanescentes

Tabula rasa vilã

Destroços sem rumo da Esquadra do Amanhã

Torpe navegador, desbravador interno

No horizonte da percepção vislumbra o Inferno



Cantando o canto dos Inebriados

Em um canto resguardado

Protegido em um manto de sombras

Máscara da Madrugada

Mãos trêmulas, ânsia em brasa

Ponta acesa, envenenada

Fumaça que alimenta a couraça do infiel

Vagos passos alados

Rumo a glória voando

Centro da cidade, templo temporário

Onde o Poeta em cinzento encanto

Masturba com fúria o imaginário




3 comentários:

Mila disse...

Sendo assim, sou poeta... =)

Besosss

R. S. Diniz disse...

ABSOLUTAMENTE TRANSCENDENTAL! Incrível! Maravilhoso! Espetacular!


Não escrevo poemas nunca mais!

Aforisma:
Será que fomos deuses?
Não estaríamos nós, em razão da perversão das leis de causa e efeito, confundindo passado e futuro?

ex-amnésico disse...

Confundir passado e futuro: não é isso a que chamam presente?

Um poeta assombra o asilo...